A existência da vida além do nosso planeta continua sendo um dos enigmas mais intrigantes para a humanidade.
Por um lado, existem diferentes perspectivas culturais e filosóficas que influenciam nossa percepção do desconhecido.
Por outro lado, a experiência conhecida como “quase morte” pode descrever o curto intervalo entre a vida e a morte.
Para onde vamos quando morremos: uma perspectiva neurológica
Do ponto de vista neurológico, quando ocorre a morte, o cérebro para de funcionar permanentemente. Os processos que acontecem no organismo podem variar dependendo da forma como cada pessoa morre.
Quando ocorre um processo de morte lenta, como na falência de múltiplos órgãos, o organismo humano tende a direcionar seus recursos prioritariamente para o cérebro, coração e rins.
Em certas situações, como a falência de múltiplos órgãos em um indivíduo, pode ocorrer um processo lento e progressivo. Durante esse processo, os órgãos principais, como o cérebro, o coração e os rins, são priorizados enquanto os outros órgãos sofrem consequências. Com o tempo, tudo para gradualmente, assim como um ônibus que colide com um poste. O movimento interno desacelera até parar completamente. Essa explicação foi fornecida pelo médico neurocirurgião Fernando Gomes do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O Dr. Felipe Chaves Duarte, especialista em neurologia do hospital Sírio-Libanês em São Paulo, esclarece o cenário de mortes que não afetam inicialmente o cérebro.
Quando um paciente falece devido a causas não relacionadas ao cérebro, ocorre uma deterioração gradual na regulação da pressão sanguínea nos vasos sanguíneos da cabeça. Isso resulta em uma diminuição no fornecimento de oxigênio e glicose para o cérebro. Como resultado, os neurônios começam a morrer devido à falta de oxigênio, levando a uma isquemia das células cerebrais. Durante esse processo, as células neuronais liberam seu conteúdo para o ambiente circundante e deixam de funcionar adequadamente.
Após a perda de atividade cerebral, o paciente pode receber cuidados médicos específicos em uma unidade de terapia intensiva (UTI), que podem permitir que outros órgãos do corpo continuem funcionando com a ajuda de medicamentos e suporte ventilatório mecânico.
A condição conhecida como morte encefálica é diagnosticada por especialistas. Nesse estado, o paciente perde completamente a consciência e não consegue mais pensar ou perceber o ambiente ao seu redor. Essa pessoa deixa de existir como indivíduo, embora seus órgãos fora do sistema nervoso continuem funcionando artificialmente. Duarte enfatiza essa realidade em suas palavras.
Para onde as células vão quando morrem
De acordo com especialistas, a morte das células ocorre de forma gradual e varia dependendo da causa.
De acordo com Duarte, se um corpo que sofreu morte encefálica for mantido artificialmente, os órgãos fora do sistema nervoso podem continuar funcionando por semanas. No entanto, caso ocorra uma parada cardíaca e o coração pare de bater, órgãos como pulmões podem ser transplantados desde que sejam armazenados em recipientes adequados por até 4 horas. Já os rins podem permanecer viáveis para transplante por até 36 horas nas mesmas condições.
No cérebro, existem células que não conseguem sobreviver por muito tempo após a morte ser declarada.
Quando ocorre a morte cerebral de um paciente, os neurônios são as primeiras células a morrerem, conforme explicado pelo neurocientista Fernando Gomes.
Esse tipo de célula tem a capacidade de sobreviver em condições normais de temperatura e pressão por até cinco minutos sem receber oxigênio. Após esse período, ocorrem danos irreversíveis nessas células, o que pode levar à morte cerebral. Se não houver suporte de terapia intensiva, é apenas uma questão de tempo até que todo o corpo deixe de funcionar.
De acordo com um especialista, as células epiteliais da córnea são as que têm maior durabilidade sem suprimento adequado. Essas células podem sobreviver por aproximadamente 6 horas após a morte e ainda serem utilizadas para transplantes nesse período. No entanto, outros órgãos requerem cuidados especiais, como resfriamento ou soluções químicas específicas, para se manterem viáveis durante o processo de transplante.
O que ocorre no instante em que alguém falece?
Quando ocorre a morte encefálica, o paciente perde completamente sua consciência. Isso significa que ele não é capaz de pensar ou perceber o ambiente ao seu redor. Nesse estado, ele deixa de existir como pessoa, pois sua capacidade cognitiva e sensorial é totalmente interrompida. No entanto, mesmo com a ausência da atividade cerebral, os órgãos do paciente continuam funcionando artificialmente.
É importante compreender que a morte encefálica é um diagnóstico médico preciso e irreversível. Ela ocorre quando todas as funções cerebrais cessam permanentemente, incluindo aquelas responsáveis pela consciência e pelo controle dos processos vitais do corpo. Embora os órgãos fora do sistema nervoso possam ser mantidos em funcionamento por meio de suporte artificial – como ventilação mecânica -, isso não significa que o indivíduo esteja vivo no sentido pleno.
Um exemplo prático para entendermos melhor esse conceito seria imaginar uma pessoa envolvida em um acidente grave que resultou em danos cerebrais irreparáveis. Apesar dela ainda apresentar batimentos cardíacos e respiração assistida por aparelhos externos, essa pessoa já não possui mais nenhuma forma de consciência ou percepção do mundo ao seu redor. Seus olhos podem estar abertos sem qualquer resposta visual ou movimento reflexo significativo.
Portanto, devemos ter clareza sobre a diferença entre manter os órgãos funcionando artificialmente após a morte encefálica e considerar uma pessoa viva com plena capacidade mental e emocional. É essencial respeitar as decisões e vontades do indivíduo em relação à doação de órgãos, bem como promover um diálogo aberto sobre o tema para que todos possam compreender adequadamente as implicações da morte encefálica.
Para onde nos dirigimos quando morremos?
Um estudo intitulado Aware, publicado em 2014 na revista Ressuscitation, entrevistou 101 pacientes que passaram por uma parada cardíaca e foram salvos através de tratamento médico. Cerca da metade desses pacientes relatou não ter nenhuma lembrança do ocorrido. Pouco mais de 40% dos participantes mencionaram memórias detalhadas, como a visão de plantas ou pessoas, bem como a sensação intensa de medo. Aproximadamente 9% dos entrevistados descreveram experiências compatíveis com fenômenos próximos à morte.
Em uma pesquisa recente publicada na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, foi possível realizar uma análise inédita. Durante um exame de eletroencefalografia, um paciente de 87 anos que sofria de epilepsia sofreu um ataque cardíaco fulminante. Essa descoberta traz importantes insights sobre a relação entre essas duas condições médicas.
Durante a pesquisa, foi observado o registro de momentos próximos à morte do paciente. Foi constatado que ocorreram oscilações gama 15 segundos antes e depois desse momento. Essas oscilações indicam um ritmo de atividade cerebral bastante elevado, com uma frequência superior a 32 hertz, como afirmou Gomes.
As ondas gama desempenham um papel importante na coordenação das atividades dos neurônios e também estão relacionadas a fatores como a memória e os sonhos humanos. Durante a fase de sono REM, que é caracterizada por relaxamento corporal e alta atividade cerebral, essas ondas de alta frequência podem ser detectadas.
De acordo com Gomes, existe a possibilidade de que, no momento da morte, ocorra um estado de superconsciência em que memórias emocionalmente significativas são ativadas. Essa experiência seria como assistir a um filme da própria vida antes da consciência se dissipar. Embora não haja evidências concretas para comprovar essa teoria, ela faz sentido do ponto de vista elétrico.
Segundo o especialista em neurociência, há situações em que se torna desafiador experimentar qualquer forma de sensação, como ocorre em casos de mortes repentinas ou intensas dores.
Quando ocorre uma morte súbita, é extremamente difícil compreender conscientemente o que está acontecendo, pois o sistema nervoso central simplesmente para de funcionar e a consciência se apaga. No entanto, em situações onde há dor intensa envolvida, a pessoa acaba perdendo a consciência e desmaiando. Isso ocorre devido à liberação de neurotransmissores que podem proporcionar certo conforto, alívio da dor e sensação de bem-estar. Esses mecanismos parecem existir para evitar que a experiência seja completamente dolorosa.
Fernando Gomes, um neurocirurgião, destaca que é frequente encontrar relatos de experiências de quase morte que descrevem emoções positivas como euforia e aceitação.
O que ocorre com a pessoa no momento da morte?
À medida que a morte se aproxima, o corpo passa por uma série de mudanças físicas. O coração começa a bater com menos força e a pressão sanguínea diminui. Isso pode resultar em uma sensação de fraqueza e fadiga intensas. É importante estar ciente desses sinais para poder buscar ajuda médica ou cuidados paliativos adequados.
Além disso, à medida que os órgãos internos enfrentam dificuldades para funcionar, é comum observar alterações na temperatura corporal. A pele tende a esfriar gradualmente e as unhas podem escurecer. Essas mudanças são indicadores do declínio da saúde geral do indivíduo e devem ser levadas em consideração ao avaliar sua condição.
Outro sintoma frequente nesse estágio é a respiração superficial e rápida. À medida que o corpo luta para manter suas funções vitais, ocorrem alterações no padrão respiratório. Observar essas mudanças pode ajudá-lo a identificar quando alguém está se aproximando do fim da vida.
Dicas práticas incluem monitorizar regularmente sinais vitais como pulsação, pressão arterial e temperatura corporal; observar qualquer mudança significativa na aparência física como palidez, pele fria ou escurecimento das unhas; e estar ciente dos padrões respiratórios, especialmente se a respiração estiver ficando mais superficial e rápida. Essas observações podem ajudar a fornecer o suporte necessário durante esse momento delicado.
O destino após a morte: para onde vamos?
A experiência de quase morte (EQM) ocorre quando há uma diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro, principalmente na região conhecida como lobo parietal. De acordo com Gomes, embora essa redução não seja suficiente para causar um dano cerebral irreversível, ela ainda permite que haja algum nível de consciência durante a EQM e que sejam mantidas memórias dessa experiência.
De acordo com Gomes, é frequente ouvir relatos de pessoas que descrevem a sensação de estar em um túnel com uma luz brilhante no final e uma sensação de conforto. Essa experiência provavelmente ocorre devido à liberação de neurotransmissores, como endorfinas e substâncias relacionadas aos opioides.
A seleção de lembranças com um componente emocional é relevante porque permite que o indivíduo entre em um estágio onde as memórias mais significativas do ponto de vista pessoal se destacam.
Durante uma experiência de quase morte, é possível que ocorra a perda temporária da função de diferentes regiões cerebrais, o que pode resultar em sensações diversas. Uma teoria sugere que a ativação das regiões do mesencéfalo, parte do cérebro, durante situações de grande estresse físico como uma parada cardíaca, leva à liberação de noradrenalina.
De acordo com o neurologista Felipe Duarte, a noradrenalina desempenha um papel importante na resposta ao medo e ao estresse. Além disso, está conectada a áreas do cérebro que regulam as emoções, como a amígdala e o hipocampo. Outros neurotransmissores envolvidos nesse processo incluem os opioides endógenos, produzidos pelo próprio cérebro, e a dopamina.
Existem relatos de pacientes que sobreviveram a uma parada cardíaca e descrevem experiências de consciência expandida. Durante essas experiências, eles relatam observar seu próprio corpo e os cuidados médicos recebidos do lado de fora, passando por uma luz ou um túnel. Além disso, muitos descrevem uma sensação mística positiva e sentem-se conectados com pessoas importantes em suas vidas. Em alguns casos, também mencionam ter a opção de retornar à vida terrena.
Durante episódios de sono interrompido, como a paralisia do sono, é possível experimentar uma sensação de estar fora do corpo. Nesses momentos, mesmo estando dormindo, ainda temos consciência do mundo ao nosso redor. Essa experiência pode ser atribuída à estimulação de uma região específica no cérebro localizada entre os lobos temporal e parietal. Quando essa área é ativada artificialmente, ocorre a sensação ilusória de estar fora do corpo.
Uma teoria para explicar a sensação de entrar em um túnel de luz é que ocorre uma diminuição da pressão nos vasos sanguíneos que fornecem sangue à retina durante paradas cardíacas, segundo Duarte.
É frequente encontrar relatos de experiências de quase morte que descrevem emoções positivas, como euforia e aceitação. Alguns medicamentos, como a quetamina, têm a capacidade de simular essas sensações quando administrados.
A inibição do receptor neuronal NMDA está associada à ocorrência de sensações positivas. Esses receptores também são afetados quando animais se encontram em situações extremamente perigosas, o que pode explicar a presença de alucinações com pessoas falecidas em indivíduos com doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer. É possível que falhas em regiões cerebrais semelhantes ocorram durante experiências de quase morte.
A experiência da morte sob a perspectiva científica é um tema intrigante. A ciência busca compreender o que acontece conosco no momento final de nossas vidas.
O que ocorre após a morte?
Quando uma pessoa morre, o coração para de bater e o sangue rico em oxigênio não é mais bombeado pelo corpo. Isso dá início a um processo complexo chamado decomposição, no qual as células do corpo começam a se deteriorar por falta de oxigênio. Esse processo leva à liberação de substâncias químicas que causam um cheiro característico de putrefação.
1. Após a morte, ocorre um processo chamado decomposição.
2. As células do corpo começam a se deteriorar por falta de oxigênio.
3. A decomposição libera substâncias químicas que causam mau cheiro.
4. O destino da alma ou espírito após a morte varia conforme as crenças individuais
A sensação de estar morto
Quando uma pessoa está se aproximando da morte, é comum que sua respiração sofra algumas alterações. Inicialmente, ela pode começar a respirar de forma mais profunda e produzir ruídos causados pela saliva acumulada no fundo da garganta. Esses sons podem ser desconfortáveis para os familiares presentes, mas são um sinal de que o corpo está passando por mudanças naturais nesse momento delicado.
À medida que o processo avança, a respiração tende a ficar mais lenta e superficial. Isso ocorre porque o organismo já não precisa do mesmo nível de oxigênio para funcionar adequadamente. A diminuição na frequência e profundidade das inspirações é um indício de que o corpo está se preparando para cessar suas funções vitais.
É importante ressaltar que cada indivíduo vivencia esse processo de maneira única. Alguns podem apresentar uma transição tranquila e sem dor, enquanto outros podem manifestar sinais de desconforto ou agitação durante as últimas horas ou minutos antes da morte.
Após a parada completa da respiração, ocorre aquilo que chamamos de óbito clínico. Nesse momento, há uma interrupção definitiva das atividades cerebrais e cardíacas do indivíduo. É importante destacar que existem diferentes crenças religiosas e filosóficas sobre o destino após a morte física, sendo assim um tema complexo e subjetivo.
Em suma, quando morremos nossa respiração passa por transformações características desse processo natural. A partir dos ruídos provocados pela saliva na garganta até chegar à cessação total dos movimentos respiratórios, cada pessoa vivencia esse momento de forma única. É importante respeitar e compreender as particularidades desse processo, oferecendo apoio emocional e cuidados adequados aos que estão enfrentando a perda de um ente querido.
O destino do espírito após o enterro
Quando o corpo físico chega ao fim de sua existência, a vida do espírito continua em um plano espiritual. De acordo com as crenças religiosas, aqueles que viveram uma vida justa e virtuosa serão recebidos em um estado de felicidade no mundo espiritual. Esse lugar é chamado de paraíso, onde encontram descanso, paz e alívio de todas as aflições, preocupações e tristezas que enfrentaram durante sua jornada terrena.
No paraíso espiritual, os indivíduos são acolhidos por uma atmosfera serena e harmoniosa. Lá eles podem desfrutar da companhia daqueles que partiram antes deles e se reunir com entes queridos perdidos durante suas vidas na Terra. É um estado de plenitude onde não há mais dor ou sofrimento.
Além disso, nesse plano espiritual também existe a oportunidade de aprendizado contínuo e crescimento pessoal. Os espíritos têm acesso a conhecimentos mais profundos sobre a natureza divina e podem progredir em sabedoria à medida que exploram novos horizontes intelectuais.
Embora seja difícil compreender completamente o que acontece após a morte física, muitas pessoas encontram conforto nas crenças sobre o destino do espírito após essa transição inevitável. A ideia de encontrar paz eterna no paraíso oferece esperança diante das incertezas da mortalidade humana.
É importante ressaltar que essas visões sobre o pós-vida variam entre diferentes religiões e sistemas filosóficos. Cada cultura tem suas próprias interpretações e concepções sobre o destino do espírito após a morte. Portanto, é fundamental respeitar as diferentes crenças e perspectivas que existem em nossa sociedade quando se trata desse assunto tão complexo e pessoal.
O último sentido após a morte
Vocês sabem qual é o último sentido que perdemos quando morremos? É a audição. De acordo com pesquisas da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, o cérebro humano pode continuar respondendo a estímulos sonoros mesmo quando estamos à beira da morte. Isso significa que, mesmo quando todas as outras funções do corpo estão se desligando, ainda podemos ser capazes de ouvir sons ao nosso redor.
Quando morremos, para onde vamos é uma questão complexa e cheia de diferentes crenças e teorias. Para algumas pessoas, a resposta está na religião – elas acreditam em um lugar após a morte como o céu ou o inferno. Outras pensam na reencarnação, onde nossa alma renasce em outro corpo depois de morrer. Há também aqueles que veem a morte como um fim completo e não acreditam em qualquer forma de vida após ela.
No entanto, cientificamente falando, ainda não temos respostas definitivas sobre para onde vamos depois de morrer. A ciência busca entender melhor os mistérios da consciência humana e do pós-vida através de estudos sobre experiências próximas à morte (EQMs) e outros fenômenos relacionados. Enquanto isso, cada pessoa tem suas próprias crenças pessoais sobre esse assunto tão intrigante e misterioso.